Dona Terezinha morava em Goianésia, casou-se no dia 7 de junho de 1969. Seu namoro com Bento foi muito rápido cerca de 6 meses já casaram, ela era costureira e depois atuou como professora e ele trabalhava em uma sapataria.
O casal morou na cidade cerca de 3 meses e decidiram ir embora para Tangará da Serra junto com os pais de Terezinha. Morando cerca de 05 anos, passando após a viajarem, morando em vários lugares, sendo no estado de Rondônia, Minas Gerais e Goiás.
Seu marido ficou sabendo de Juína por meio de seu cunhado, que falou de um projeto na região. No qual fez uma proposta de vir de Goiás para Juína para cuidar de uma máquina de arroz. Aceitaram imediatamente. Passaram em Tangará da Serra, ficaram cerca de 15 dias para visitar familiares.
Vieram em um caminhão “pau de arara, transporte da época, com mais 03 famílias, não tinham mudança, eram malas de roupas e não tinham móveis. A viagem foi cansativa e durou vários dias.
Chegaram em Juína no dia 21 de dezembro de 1978, e já foram recepcionados por Hilton Campos que os acolheu e no mesmo dia já fizeram amizades e conheceram outras famílias durante uma reza que aconteceu a noite. Chamava atenção na cidade, que todos os dias chegavam muitos caminhões com mudanças advindas de vários estados do país.
O seu cunhado já havia comprado terras em Juína e a pioneira conta que se apaixonou logo de cara pela cidade, viu muita prosperidade, um futuro melhor para eles, uma população querendo trabalhar e muito acolhedora.
Construíram um barraco de lona onde ficaram acampados no Setor Industrial, onde instalaram a máquina de arroz. Dona Terezinha conta que tinha muito medo das onças que tinha muito na época e dos índios também por que eles andavam nus.
Antigamente tinha muito bicho do mato aqui, que era fonte de alimento, por que outro tipo de carne era difícil.
Depois de um período seus irmãos vieram para construir o barracão da máquina de arroz.
Enfrentavam muitas dificuldades, uma delas foi o hospital que estava construindo. Quando ficou grávida, pela quinta vez, não tinha o aparelho de ouvir o coração da criança, só sabia se a criança estava bem quando mexia. Sua barriga estava enorme e não mexia, então o médico deduziu que era barriga d’água. Então foi para a cidade de Vilhena, com 07 meses de gestação, para ser atendida pelo médico. Quando chegou lá o médico queria tirar a criança. Colocou o aparelho e ouvi o coração de uma criança só, e a barriga estava enorme, mas Terezinha sentia que eram gêmeos, porém, não tinha certeza, pois, não existia ultrassom na época.
Voltou para Juína, passou o resto da gravidez comendo tomate e repolho, por que não podia engorda mais e tinha pressão alta.
Dona Terezinha teve os todos os filhos, sozinha em casa, inclusive esses que eram gêmeos, ela mesma cortava o umbigo, os 07 filhos foram assim.
O casal de filhos, Edwan e Edwirges, foram os primeiros gêmeos a nascerem na cidade de Juína, em 25 de setembro de 1979.
Outra dificuldade da época era que, não tinha água encanada, tinham que buscar na bica, levada em um balde na cabeça ou um senhor levava na carroça.
Nas andanças da família, antes de se instalarem em Juína, passaram muitas dificuldades, chegando a dormirem em rodoviárias e o que ganhavam era para comer. Só tinham malas de roupas e um plástico para fazer um barraco.
Foi quando seu cunhado, seu Antônio fez a proposta e eles sentiram firmeza e ficaram definitivamente em Juína.
Depois de um tempo seu cunhado vendeu a máquina de arroz, e foram para o sítio na linha 04. Depois se mudaram para o recém-criado Bairro São José Operário. Depois montaram uma sapataria em frente onde hoje é a feira municipal.
As pessoas confiavam em deixar suas armas, na sapataria para fazer capa e cartucheira em couro. Depois montaram um bar, na mesma rua, ela vendia frangos assados, tinham muito movimento e eles pagavam bem.
Tinha muito tiroteio na época, eles escutavam tudo e no outro dia não via nada, por que eles limpavam e não deixava rastro.
Um dia Jerry, um de seus filhos, estava engraxando sapato no bar, era muito criança ainda, quando um cara matou o outro na sua frente a luz do dia. Só colocou a mão na sua cabeça para ele abaixar e matou. Depois o cara voltou lá e pediu desculpas ao seu pai por ter matado outra pessoa na frente do menino.
Depois quando seu marido foi embora, ela e sua filha Rosimeire começaram a fazer coxinha e seus filhos Jerry e Rosimary vendiam para ajudar nas despesas.
Era fácil ganhar dinheiro na época, pois tinha muito movimento. Jerry também vendia picolé. Eles trabalhavam e ajudavam em casa, quando queriam comprar alguma coisa pediam para sua mãe.
Depois que seu ex marido foi embora, as condições da família foi melhorando, pois, eles tinham pé no chão e tinham projetos para o futuro.
Seu ex marido pegava o dinheiro de pagar o aluguel e gastava atoa, não pagava o aluguel e nem as contas e eles não sabiam. Quando foi embora numa segunda-feira, no outro dia eles foram despejados.
O garimpo para eles não teve diferença, eles continuavam trabalhando. Foi quando ela começou a costurar, seu filho Jerry foi trabalhar na Bicicletaria Panorama, sua filha Rosimeire foi trabalhar na Goulart Materiais de Construção.
Foi uma época que girava muito dinheiro na cidade, as coisas ficaram caras e aumentou a violência e doenças, Jerry foi o único da família que pegou malária.
Todos os seus filhos, sempre foram atrás de serviço por contra própria, foi muito fácil criar eles. Todos estudaram e correram atrás de seus objetivos, do jeito certo como sempre ensinei.
A pioneira tem 07 filhos, 02 noras e 05 genros, 23 netos e 04 bisnetos, sendo alguns formados, dentre eles tenho advogados, professores, odontologia, farmácia, policial militar e outros.
Hoje em dia Dona Terezinha é muito respeitada, tem pessoas que até pedem a benção para ela, pois desde nova sempre foi muito responsável.
E para ela um dos piores momentos foi a falta de respeito de algumas pessoas quando se separou de seu marido e a perca de sua mãe e de seus netos.
E para seu filho Jerry, o pior momento foi a perca da sua vó, filho e sobrinha. Sua vó faleceu com câncer, ele era muito apagado a ela. Sua sobrinha afogada e depois de 20 dias seu filho faleceu de coma alcoólico. Foi um momento muito complicado e doloroso.
Dona Terezinha teve vários problemas com isso, gerou depressão e toma remédio controlado até hoje.
O melhor momento para ela, foi quando eles compraram um pedaço de terra de seus irmãos, em saber que iam morar em um lugar que era realmente deles, e também sempre quando nascem os netos e bisnetos.
E para seu filho Jerry, o melhor momento foi quando teve seus filhos e quando ele se formou em direito, exercendo a profissão de Advogado há mais de 05 anos, foi uma realização pessoal. Teve todo o apoio da família, as pessoas duvidavam muito dele e fez com isso um incentivo.
Um fato interessante para eles foi quando teve um comício em 1982 e colocaram um telão com filme em um caminhão, era uma população tão simples que se assustava com as imagens.
Juína tem muita gente de várias as regiões, misturando as culturas, ficando uma cidade fácil de se adaptar e viver. Hoje Juína deixa muito a desejar aos jovens em relação a faculdade, serviços e lazer.
Hoje, Dona Terezinha tem muito orgulho de ter participado de todo o processo de progresso do Município, por amar as pessoas e a cidade, que escolheu para viver e criar seus filhos, netos, bisnetos, o verdadeiro cantinho do céu.
Terezinha agradece à Deus em primeiro lugar e depois a população que de alguma forma ajudam no crescimento da cidade.
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