José conhecido como Baiano chegou em Juína em 11 de julho de 1985 com sua família em um caminhão junto com mais 5 mudanças. As famílias vieram em cima do caminhão que para descer nas paradas tinha uma escada. A viajem durou 8 dias, porque era tudo chão e no rio Juruena era balsa na época
Antes de vim morar, ele e seu cunhado vieram para ver as terras e ficaram no hotel Bandeirantes. Na época seu cunhado comprou uma casa e um sitio.
Quando decidiram vir de mudança, eles venderam tudo e só veio com o básico.
Senhor José, e dona Maria se conheciam desde criança, brincavam juntos. O romance aconteceu quando trabalhavam na louvara de algodão e ele comentou com a sobrinha dela que tinha vontade de namorar com Maria.
Seu sogro era muito rígido, eles namoraram 2 anos com muito respeito e com um do seu cunhado vigiando. Só se beijaram depois do casamento. E estão juntos já tem 42 anos.
Tiveram 2 filhos no Paraná Reginaldo e Renato e em Juína mais dois Regivaldo e Renan
Ele ficou sabendo daqui através de um Picareta que chegou na cidade onde morava fazendo muita propagando de Juína, com isso fez a cabeça de muita gente.
Quando seu José chegou com a família não sabia fazer nada, pois só trabalhava na roça. Seu primeiro trabalho aqui foi fura uma foça de 7 metros de fundura e 4 de largura.
A única coisa que ele tinha era uma bicicleta nova que ele trouxe na mudança, e trocou em um carrinho de fazer espetinho. Começou a trabalhar com isso e ganhou muito dinheiro, depois de um tempo para conseguir mais clientes ele dava uma dose de pinga para quem comprava um espetinho e assim a clientela foi aumentando cada dia mais. Com isso ele não vencia fazer espetinho, era cerca de 30 a 35 quilos de carne por dia. Ficavam até de madrugada vendendo. Ele trabalhou vendendo espetinho por mais de 4 anos.
Depois passou a tralhar com jardinagem e vender picolé e pipoca por muitos anos.
Ganhou a casa que mora do seu cunhado, depois disso comprou carro, moto, viajou para Minas 3 vezes e para o Paraná cerca de 6 vezes. Nas idas e vinda do Paraná ele trouxa muita gente para morar no mato Grosso, por que segundo ele é o lugar de ganhar dinheiro.
O visual de Juína antigamente, assim que chegaram era de muita fumaça por conta das queimadas em derrubadas novas, tinha muita serraria, não tinha energia no Módulo 4, bairro onde moravam e nem agua encanada. Fizeram um “ rabicho” para pega energia da rua de cima passando um fio por baixo da terra até o seu vizinho, a energia vinha bem fraca e só dava para ligar algumas lâmpadas e eles tinham poço para a água.
Aqui os únicos bairros que tinha era o setor industrial, modulo 1,2 e 4 o restante era tudo mato e serraria. As únicas empresas que tinha, eram as madeireiras que alavancaram a cidade, garimpo, os mercados Juína, Simionato e Catarinense.
Senhor Jose teve muito trabalho com o conselho tutelar, pois ele levava os 4 filhos para trabalhar junto a ele de jardineiro, e muitas pessoas achavam que ele estava explorando os filhos no trabalho e foi necessário ele ir até a sede do conselho e explicar como seus filhos eram tratados para que fosse liberado e a conselheira da época também ouviu o depoimento dos meninos onde disseram que eu ia ajudar o pai por que gostavam de trabalhar junto a ele.
A comunicação naquela época era por cartas, mas na maioria das vezes essas cartas vinham e como ninguém procurava, acabavam voltando e quando vinha parente para cá eles passam o recado. A guarnição da Policia Militar de Juína naquele tempo era composta por 6 policiais por que não tinha criminalidade, mas depois no tempo do garimpo aumentou pois passaram a ocorrer vários crimes.
O divertimento da época era joga bola e ele ia lá para vender picolé e pipoca e nunca acompanhava o placar dos jogos.
O momento mais difícil para José foi quando eles chegaram que ele se viu perdido e não tinha experiência em nada apenas da lida na roça, mas assim que começou a vender espetinho ele já se animou e o período que ele considerou mais difícil durou apenas alguns dias.
E para Dona Maria foi quando seu irmão morreu, ele faleceu dormindo. Depois ela perdeu sua mãe. Foram duas perdas muito difíceis.
E o melhor momento foi quando ele viu os seus filhos tudo criado e seguindo sua vida e cuidando das famílias. E outro momento muito importante foi quando a sua mãe veio morar em Juína. Para maria foi quando os netos nasceram e quando seu filho Reginaldo ganhou o troféu de 1° lugar em corrida.
Reginaldo é corredor e já conquistou diversos prêmios municipais, estaduais e também nacionais em competições de destaque no mundo do atletismo.
Atualmente seu José continua trabalhando com a venda de pipocas nos eventos e também nas praças da cidade, não tanto pela renda econômica, mas também pelo carinho que recebe das pessoas.
Dona Maria gosta de ficar em casa, cuidando dos afazeres e dos filhos, noras e netos o que para ela é um grande tesouro.
Acompanhe também a história do casal em áudio, vídeo e fotos da época a seguir...