Os pioneiros chegaram a nova cidade do Mato Grosso em 1980.
Liceu Alberto e Sirley Veronese se conheceram no Paraná. Sirley relata que foi amor à primeira vista, uma troca de olhares em um comercio dos parentes que ela visitava na ocasião. Sirley relata que ficou um bom tempo os dois se paquerando somente através de olhares, até que no dia 15 de novembro, época de eleição para prefeito no Paraná, onde o primo do pioneiro era candidato, no finalzinho da tarde, ele se aproximou e conversou com Sirley e assim se foram 41 anos de casados.
Liceu antes de se casar com Sirley veio conhecer a região norte e noroeste do brasil, região do Pará, Amazonas e Mato Grosso
“Em 78 Já tínhamos comprado a área Matogrosso, eu fui para Rondônia, Amazonas tudo por terra, asfalto aquele tempo era de Porto Velho à Manaus, de lá descendo por água até Belém num navio e passamos em Santarém, eu e mais uns amigos que estavam vindo conhecer a região. ” Relata Liceu Veronese.
As primeiras terras adquiridas por Liceu foi em Fontanillas, na época região de Aripuanã.
Ele voltou para o Paraná, casou-se em 1979 com Sirley, e começaram os preparativos para a mudança, rumo ao Mato Grosso.
“Começamos a vir para cá comprando uma chácara aqui e começamos a construir a serraria, toda a família junto na empreitada, os cinco irmãos mais a família Damiani que é cunhado, os Veronese Damiani existia Veronese Damiani no Paraná”. Conta o pioneiro.
As duas famílias não eram ligadas somente por laços de casamento, existia uma sociedade. Os Veronese e Damiani mexiam com setor madeireiro no Paraná, antes de vir para o Matogrosso.
Liceu Veronese foi o último dos irmãos a se mudar para Juína, ele relata que ficou para desmontar a madeireira no Paraná e trazer o maquinário para a nova cidade.
O pioneiro fala que não somente a madeireira foi trazida do Paraná, mas também os funcionários com suas famílias que se arriscaram a vir junto.
Sirley Veronese relata que quando chegou à Juína já estava grávida de 5 meses do primeiro filho Paulo Veronese. Logo ela procurou um médico, Dr. Ernani na época, para fazer o pré-natal.
Só um fato inusitado aconteceu com a pioneira, mesmo com os exames feitos e a data aproximada do nascimento quando o dia chegou e o Dr. Ernani não estava na cidade.
“Eu fiz o pré-natal e quando chegou o dia do Paulo nascer não tinha médico na cidade, ele tinha viajado e eu tive parto normal em casa com a dona Rica, uma Parteira muito bem-conceituada aqui em Juína e a gente teve que contratar ela e ela veio para nossa casa e junto comigo estava né o Liceu, minha mãe, minha sogra, e essa parteira dona Rica. E aí nasceu o nosso filho o primeiro filho, Paulo Augusto Veronese dia 12 de fevereiro de 1981”. Relata Sirley
Depois veio os outros filhos do casal Veronese, o segundo filho Carlos Alberto Veronese nascido em 27 de dezembro de 1983, o terceiro filho Ricardo José Veronese 08 de janeiro de 1988 e a quarta filha Daniela Veronese 20 de março 1993.
Sirley lembra o dia em que chegou à Juína, foi uma tristeza quando a mudança chegou.
“Como tinha pouco tempo de casado nossa mudança era tudo novinha, que a gente tinha comprado e adquirido com muito trabalho muita dificuldade, então eu tinha muito ciúme da minhas coisas e demorou muito muito para chegar o caminhão de mudança, aí como de todas as pessoas que vieram com a gente chegava aqui a metade quebrado, quando nós tiramos a lona era aquele desespero, o Liceu falou fique calminha que com o tempo a gente vai trabalhar e vai comprar novo, porque chegou aqui despedaçada nossa mudança na estrada.” Relembra Sirley.
Que o casal veio para Juína, embarcaram em um avião em Cuíaba.
“Teve um problema porque o avião demorou para decolar de Cuiabá, devido o tempo fechado e aí quando a gente embarcou teve que deixar uma senhora com duas crianças em Brasnorte, e nessa descida lá quando ele decolou novamente para Juína o avião perdeu a rota, anoiteceu e ele não encontrava Juina, teve que descer em Fontanillas e nós dormimos lá. ” Relata o casal.
Sirley ficou encantada com o rio Juruena, ela moça nova e recém-casada diz que na época achou que era uma das sete maravilhas do mundo, pois era uma imensidão de água e muita vegetação.
Liceu relata que ainda tudo era mato, ainda estavam desmatando o local, o gringo já tinha o mercado no Centro, também tinha um açougue, que na época a carne era buscada fora de Juína pois não havia gado na cidade.
“Começou a vir gente, tinha as casas da CODEMAT que estavam fazendo, poucas famílias, mas todo dia chegava gente, mudanças, aí os irmãos da Luz montaram uma cerraria, a CODEMAT começou a vender os lotes e já tinha a nossa madeireira. Ai depois instalou o Chiquinho preto, aí veio o Dalla Vale e veio mais madeireiras, com dois anos encheu de madeireira, e todo mundo trabalhando com mogno de cerejeira e madeiras nobres, aqui mesmo na chácara tinha mogno que deu 38 metros cúbicos dentro do pátio da cerraria”. Relata o pioneiro
Liceu Veronese conta que veio muitas famílias, umas 40 aproximadamente. Na época não tinha mecânico então montou uma parceria com o Antônio Pagnussat e montaram uma oficina aqui. Depois veio o pessoal do Padovan que mexia com parte elétrica.
O Dr. Ernani que trabalhava no municipal e na CODEMAT na época, ia embora da Juína, pois como a cidade era pequena e não tinha movimento, sem muito trabalho não dava para ficar.
“Sentamos lá do lado do gringo, eu meu irmão e o João meu cunhado e o Dr. Ernani, sentamos numa mesinha que tinha na pracinha e ele me contou a história dele, então nós propusemos, ó Dr. se quiser a gente constrói, você pega seu equipamento, que ele já tinha alguma coisa e vamos montar o hospital”. Relata Liceu.
Foi então que Liceu e a família ajudou a montar o hospital São Geraldo, logo nos dois primeiros meses a primeira ala do hospital estava pronta.
“Tinha um hospital em flores da cunha que estava sendo desativada, muito antigo, mas com muito equipamento, o médico quis vender, nós passamos lá e compramos todo o equipamento, deu duas cargas de caminhão, só de equipamento e colocamos e assim o hospital foi se instalando e ampliando”. Liceu Veronese
Como a família era sócia do Dr. Ernani, o Romeu ficou com a parte que era da verdam, mais tarde a verdam tinha oito sócios, e assim começaram a separam cada sócio para um setor, os três mais velhos da família ficaram com o mercado, com fazenda, o Romeu depois ficou com o Hospital, o Damiani ficou com madeireira, e se distribuiu terras para um e para outro, acabando assim separando todos, mas cada um dentro de um setor.
“O hospital ficou com o Dr. Ernani e o Romeu depois acabou vendendo a parte dele para o próprio Dr e ele tocou o Hospital São Geraldo, isso na parte da saúde, a gente ainda estava junto na parte da oficina e com o tempo ele passou para o Antônio, isso foi em 88”. Relata Liceu.
Em 1988 Liceu Veronese saiu a candidato à prefeito de Juína, com ele saíram Maninho, Dr. Joaquim e o Bodinho, quatro candidatos.
“Meu vice era o Emílio, assumi em 01 de janeiro de 1989 até 1992, nunca tinha entrado na prefeitura, nunca tinha visto falar o que era um decreto uma portaria, a gente mexia com a madeireira, trabalhando direto, não tinha tempo para nada, então para mim foi uma experiência boa, eu era um molecão ainda, tinha 33 anos”. Diz o pioneiro
Liceu relata que mesmo não sabendo muito sobre o funcionamento de uma prefeitura, entrou para ajudar que o apoiava e não apoiava.
“Naquele tempo não tinha telefone, tudo era difícil se precisava resolver negócios, tinha que ir à vilhena, as estradas mal estavam abertas, na época da chuva você não conseguia passar na região de Brasnorte, tinha muito atoleiro, mas fomos administrando, primeira coisa fomos buscar telefone, um telefone desse de discar, que custava mais ou menos uns 3 ou 4 mil dólares, vinha poucos telefones, nem tinha um para cada um no começo, era difícil. organizamos a casa, em 1990, fizemos asfalto no centro da cidade que hoje é o mesmo asfalto que fizemos no mandato e continua ali, pois foi feito com toda a qualidade porque tínhamos até medo de fazer uma coisa ruim, era uma coisa nova então nós fizemos com capricho, eu trouxe um engenheiro de Cuiabá, experiente em asfaltos e nós mesmo, o secretários de obras, que era na época era o Jaime, o Marcão engenheiro que trabalhava no Dermat tinha experiência de estradas e assim terminamos com um grupo, nós mesmos fizemos, com vassoura e piche e saiu o que saiu e hoje está ainda aí graças a Deus”. Conta Liceu Veronese
Sirley Veronese, estava com os filhos pequenos quando Liceu assumiu a prefeitura. Com três crianças pequenas ela saia para bairros, vilas, e sempre gostei de fazer o bem. A pioneira fez ótimos trabalhos com pouquíssimo dinheiro e com ajuda dos comerciantes de Juína.
“Eles traziam o pessoal que morava no interior, trazia o saco de feijão, saco de arroz, tudo que eles podiam contribuir eles contribuíam, e naquela época tinha a RBA assistência social, mas a verba era muito pequenininha eu gastava mais de passagem e despesas para ir em Cuiabá buscar a verba do que a própria verba si, então o Liceu sempre me apoiou no trabalho que eu fazia nos bairros, com os idosos. Eu criava cesta básica para eles, com a ajuda de todo mundo além de um grupo de mulheres no bairro industrial, no centro da cidade, no módulo 4, 2, 3, que se reuniam toda semana, era grupo de oração e aí nesse grupo e eu visitei todas elas, e elas reuniam alimentos E com isso fortalecer a nossa cesta básica e a gente levava lá nos bairros para os idosos, aqueles idosos que não tinha família que morava sozinho todo mês eu levava alimento para eles” relata a pioneira Sirley
A esposa de Liceu Veronese também fez trabalhos de profissionalização, levava curso de corte e costura, curso de pintura, culinária, ela relata que com seu próprio carro levava a professora Laurinda, que lecionou o cursinho de corte de costura a dona Vanda que era a professora de pintura.
O Trabalho todo era diferenciado porque não tinha uma carga horária para cumprir, ela deixava o curso se estender até as alunas, ela relata que isso as ajudou, tornaram-se profissionais e acrescentaram na renda familiar.
Sirley relata que até hoje as pessoas elogiam o seu trabalho feito naquela época, e como a cidade estava em plena expansão as coisas fluíam e foi gratificante ter ajudado no crescimento do município.
“Eu tenho uma facilidade muito grande de fazer amizade, mas era muito fácil as famílias serem muitas acolhedoras, Juína é um berço acolhedor, a gente conversava tomava um Chimarrão, fazia pipoca, se visitava. Eu saia a pé daqui na verdade com um guarda-chuva e com uma criança no colo, meu bebê pequeno e ia no centro para a missa, nos grupos de oração. Aqui na nossa comunidade Verdan não tinha muitas famílias, mas as que tinham na época, umas duas famílias evangélicas, e a maioria católicas, então a gente se reunia para as orações. Na Verdan chegou-se a construir uma igrejinha na comunidade, a igreja Santo Antônio”. Sirley Veronese
Seu Liceu Veronese relata as lembranças que tem do garimpo e seu auge entre os anos de 1988 a 1990. Ele relata que tinha mais gente no garimpo do que na cidade e relembra a pior fase dessa época que foi a malária.
“Era uma loucura, gente com malária, então nós criamos o hospital municipal para atender aquele povo, por que quando não era o hospital municipal, o município tinha que bancar as doenças e não tinha dinheiro o suficiente. A CODEMAT levantou o hospital na época e foi passada para a prefeitura, e assim a prefeitura um tempo depois passou para um grupo de médicos, mas acabamos trazendo de volta para o município e começamos a atender gratuitamente o povo”. Relembra Liceu
Sirley relata que teve uma época muito difícil, então falou ao marido que eles teriam que procurar outro lugar, depois de muitos anos aqui envolvido com a sociedade, com a política, com uma empresa e com família, tudo sempre foi muito bom, mas ela conta que chegou um ponto muito difícil e eles não conseguiam fazer plano de manejo para poder trabalhar e como ramo da família era madeireira eles partiram para o Pará.
“ Nós fomos conhecendo várias cidades, foi Santarém a cidade onde a gente encontrou o aconchego em um lugar bom, tinha madeira, esse momento foi o mais difícil, porque aqui a gente deixou familiares e muitas raízes, uma história de vida né, desde que nos casamos, até o momento que chegamos aqui, onde nasceram nossos quatro filhos todos os familiares ficando para trás, além de muitas amizades, foi difícil”. Diz a pioneira
Liceu relata que o IBAMA interferiu na época, os preços da madeira estava baixo e não tinha madeira para trabalhar, ele relata que foi difícil vender e ficaram uns 2 a 3 anos patinando sem conseguir se reestabelecer. Coragem para eles nunca faltou, diz o pioneiro.
“Mechemos muito com política, ganhamos e perdemos, elegemos companheiros, perdemos com companheiros, mas na política a gente entrava para ajudar, não deu certo, não deu, se o povo escolheu um ou outro, foi do povo que decidiu, nós fizemos a nossa parte”. Diz o pioneiro.
Depois de inda e vindas, e de muita luta o casal Veronese se reergueu, votaram para as raízes e hoje contam suas maiores alegrias.
Sirley relata que um momento triste foi a separação dos país, pois vinha morar muito longe, mas a maior alegria dela foi o nascimento do filho mais velho, pelo fato dos pais estarem presente.
“Quando Paulo estava para nascer, o meu pai e minha mãe vieram para ficar comigo, então assim quando eu vi o meu pai e minha mãe chegando foi uma coisa mais feliz da minha vida porque é muito triste a gente viver separado do pai da mãe da gente, foi um momento muito, mas muito feliz para nós, o de nascimento do nosso filho, primeiro filho e consequentemente dos outros filhos também”.
Liceu Veronese conta que a maior alegria dele foi ganhar uma eleição, aquilo serviu como grande aprendizado, e não deixou que isso subisse a cabeça.
“Eu sabia que ia ter um compromisso muito grande, foi uma vitória, nossa do grupo inteiro vitorioso, e a felicidade de estar no meio do povo e com gente que gostaria que Juína ficasse boa foi muito bom”. Liceu Veronese
O casal Veronese deixa sua mensagem para que esta chegando em Juína e quem mora nesse munícipio tão belo.
“Olha as pessoas que estão chegando hoje em Juína, eu quero que vocês acreditem, Juína é uma cidade Próspera, passou por fases boas e ruins, enfrentamos muitas dificuldades, mas devido a nossa mocidade ao chegarmos aqui nós lutamos, e a acabamos saindo dessas dificuldades. Juína foi uma cidade brilhante, temos fé e esperança, e vocês vão se sentir bem. Vocês vão ganhar o dinheiro de vocês e com certeza vão viver bem, é um lugar ótimo para se criar os filhos e a família, uma cidade acolhedora, um lugar onde se tem muita esperança” Liceu e Sirley Veronese
Acompanhe a história completa de Liceu e Sirley Veronese no vídeo História de pioneiros logo abaixo: