Metrô FM Juína 87.9 - Tá na Metrô, Tá Bom de Mais!
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PIONEIROS

Claudionor Vieira da Rocha (Nozinho da Palmiteria) e Nair Vivian da Rocha

A família chegou no dia 1 de setembro de 1986

Claudionor Vieira Rocha e a esposa Nair Vivian Rocha são pioneiros na cidade de Juina, oriundos do Paraná saíram para uma nova vida no estado do Mato Groso no ano de 1986.

Se casaram em 1966, e foi muito difícil para poder casar diz dono Nair Vivian Rocha, pois o pai não aceitava o namoro, nem o casamento.

Eles se conheceram em uma festa de casamento da irmã de seu Claudionor e logo ela se interessou por seu Nozinho, mas ele trabalhava longe. Logo os dois se viram de novo e assim começaram a namorar e logo veio o casamento mesmo contra a vontade o pai.

“ meu pai foi contra o casamento de todo jeito... então eu disse, “se o senhor não quiser eu vou fugir com ele”. E daí ele deixo” diz Nair

Seu Claudionor ainda relata que o sogro depois de um tempo de casamento disse que ele era o melhor genro.

E graças a Deus o casal diz que estão bem até hoje, mesmo que tenha discução, mas vivem bem.

O casal relata que o pai de Nair queria vir para o Mato grosso, comprar terras aqui e trazer a família, mas no meio do sonho o pai de Nair, sogro de seu Claudionor faleceu, mas Nozinho não desistiu e veio trazendo consigo esposa e 3 filhos.

Chegaram aqui no dia 1 de setembro de 1986, trouxeram consigo quatro mudanças. Com ajuda do amigo Seu Antônio Baiano que também vinham para Juína, Senhor Claudionor conta sobre o companheiro “nós morávamos juntos e éramos muito colegas, andávamos juntos, caçávamos, ele já tinha vindo aqui conhecer.

Senhor Claudionor diz que estava empregado em uma fazenda quando resolveu que se mudaria para o Mato Grosso pois a situação no momento não era favorável, o pioneiro relata que as mangueiras eram ruins, tirava leite debaixo de chuva, frio, era bem complicado, ele relata que já não dava mais então resolveu que procuraria outra forma de vida e diz que graças a Deus não se arrepende.

Na época da mudança junto coma família de seu Claudionor veio o amigo Antônio Baiano, a esposa e 2 filhos dele, somando 4 mudanças até a nova cidade do Mato Grosso.

Claudionor relata que saíram de Caraíba Paraná e dormiram somente em Campo Grande no outro dia saíram de Campo Grande e foram dormir em Pontes e Lacerda, já no outro dia dormiram em na famosa Roda D’agua no outro dia e assim foram direto para linha 3. Claudionor relata que trabalhou durante 2 anos na roça para só então vir para a cidade.

Casado com Dona Nair, seu Claudionor chegou a Juína trazendo 3 filhos Vanderlei Vivian Rocha, Sirlei Vivian Rocha Rondinei Vivian Rocha.

Claudionor relata que se casou em junho de 1965 e em 14 de maio de 1966 Vanderlei Nasceu, e logo em seguida veio o segundo filho e a partir daí os outro vieram espaçados. Dois dos 5 filhos nasceram em Juína, Claudinei Vivian Rocha e Vanderson Vivian Rocha

O famoso apelido de seu Claudionor “ nozinho” veio por causa da família pois era o caçula dos homens sendo uma irmã nascida depois de 15 irmãos, 10 homens e 5 mulheres. Segundo Claudionor o apelido era devido a família o achar pequenininho demais.

Claudionor relata a trajetória até chegar em Juína:

“Para vir para cá foi tranquilo para falar a verdade pelas condições que a gente veio não achei barreira difícil. Por isso que direto falo para todo que só tenho de agradecer a Deus”.

 O pioneiro conta que sempre trabalhou para os outros, nunca foi uma pessoa de ter nada, mas graças a Deus uma das coisas que não faltava era o alimento com fartura, criava porco, galinha, plantava o que comer. Ele relata:

 “Eu nunca vi um filho meu falar assim: "estou com fome e não tem comida" Graças a Deus, nunca aconteceu”

Claudionor disse que já passou momentos duros, como a malária, a família toda com malária os filhos, a mulher e o próprio pioneiro.

“Naquele tempo a malária atacou muito, eu sei lá eu cansei de fazer exames, levar os moleques, eu mesmo fazer exame na SUCAN 4:28 e eles falar que eu tinha que comprar remédio por que estava em falta” relata Nozinho

 Ele conta que quando ia comprar o remédio era muito caro, o farmacêutico entregava o remédio para pagar depois, mas era difícil.

Claudionor diz que venceu esse período difícil e sente-se esperançoso em relação ao novo coronavírus, e fala que a população também vencerá com a graça de Deus.

Com orgulho Nozinho da palmiteira fala sobre os filhos, mesmo sem estudos completos, são esforçados, trabalhadores e honestos e nunca deu desgosto para seu Claudionor.

“Dois meninos meus trabalham ali na Agro Verde, Claudinei e Vanderson, todos trabalhadores meus filhos graças a Deus tenho orgulho por que meus meninos não são preguiçosos, essa menina minha, o serviço que ela está, ela ganha o dinheirinho dela. ”  Diz o pioneiro que faz questão de ressaltar que gosta de todos os filhos próximos á ele.    

Quando seu Claudionor chegou a Juína, ficou sem rumo, ainda não tinha planejado com o que trabalhar, mas logo arrumou um serviço, começou a trabalhar na lavou de Café com o ganho por porcentagem e o cacau fazia por empreita.

Nozinho trabalhou dois anos nesse serviço e dali foi indo para frente no trevo da estrada de terra sentido Vilhena, e assim foi.

Nessa época nasceu Claudinei, o pioneiro relata que a esposa quase, ela sempre foi da roça, onde Claudionor estava a mulher estava lá trabalhando também. Dona Nair engravidou do quarto filho do casal já aqui em Juína.

“Ela já estava barrigudona e nós não conhecíamos nada aqui em Juína. Então eu falei para ela: "quer saber a coisa, vamos lá para o Juína, você fica no hospital lá, por que aqui não tem carro" por que naquela época só tinha um ônibus de Vilhena que vinha uma hora da tarde passava na BR para a cidade mesmo”. Relata Nozinho.

Claudionor relata que a esposa não quis vir para a cidade e disse que estava boa, mas quando Nozinho estava na roça os filhos chegaram informando que a mãe estava mal.

 “ Larguei a enxada para lá, quando cheguei ela estava desinquieta, uma irmã dela, que morava lá, e uma vizinha estavam junto com ela. Eu falei “vamos subir lá para estrada, Sr. José que morava a uns 4 Km, tinha um fusca e dava, e eu falei, vocês ficam aqui na estrada que eu vou lá no Sr. Zé, e fui correndo, O carro estava quebrado, voltei para trás correndo”. Conta seu Claudionor

A mulher não aguentou esperar mais na beira da estrada e voltou para casa, ficando somente o marido da vizinha para avisar Nozinho. Sem sabe o que fazer Claudionor ficou na beira da estrada esperando alguém passar, quando um saveiro que vinha de vilhena estava passando, o pioneiro conta que pulou na frente do carro que parou na hora, contou o que estava acontecendo e o estranho aceitou leva-los para a cidade, mas quando seu Claudionor chegou com o desconhecido na casa onde a esposa estava ela já havia ganhando neném.

O viajante foi embora, o filho nasceu com facilidade, mas Dona Nair começou a piorar, a placenta que envolve o bebê não havia saído, disse que fizeram simpatia, deram remédio, mas nenhum resultado, o jeito foi seu Nozinho correr atrás de outro vizinho um pouco mais longe para levar a esposa até o hospital.

 

“Seu Nestor Vargas tinha uma fazenda pertinho, era final de semana, e eu fui, a pé mesmo, cheguei lá estava só o vaqueiro dele, e ele não estava. Falei rapaz eu vim aqui por que eu estou com a mulher ali ruim e preciso levar ela para Juína, contei o que havia acontecido para ele, e ele me respondeu "rapaz eu não posso fazer isso não mas se você está falando isso aí eu vou lá buscar para você, só que depois o Senhor acerta com seu Nestor" e eu imediatamente falei que ia se acertar com ele depois”.

 Levaram dona Nair para o Hospital, e fizeram a limpeza, no mesmo dia a esposa de Nozinho queria sair e foi o que fez, mas alguns momentos depois, enquanto o marido estava procurando um carro para voltarem para casa, ela voltou ruim para o hospital, três dias internadas até se recuperar totalmente.

Nove anos depois dona Nair engravidou do quinto último filho, dessa vez optou por Cesária, a surpresa veio quando o médico falou que ela tinha resto de placenta ainda de 9 anos atrás. “Ela reclamava de dores as vezes, provavelmente era isso que causava dor nela” conta o marido de dona Nair.

A primeira casa da família foi um barraco de lona, pois veio às cegas para a nova cidade, os companheiros já tinham a casa feita por que já tinham emprego, então vieram estabelecidos. Claudionor e a família morou 6 meses no barraco de lona

Dona Nair relata que quando chovia a noite tinha que empurra a lona para agua escorrer se não a agua escorria em cima da cama.

Logo depois melhoraram o barraquinho, cobriram com telha e assim a vida foi seguindo. Um tempo depois seu Nozinho conseguiu emprego na fazenda ENCO, as coisas melhoraram, Seu Claudionor arrumou emprego como caseiro, a esposa como cozinheira e os dois filhos mais velhos como ajudantes todos recebendo pelo serviço prestado.

“Aí foi essa menina minha estava na época, com dez anos e os meninos estavam com doze. Quando eu cheguei lá fomos paro escritório, no outro dia o gerente falou “ PAGO um salário para mim, um salário para sua esposa, meio salário para o menino e meio salário para menina. O menino vai ajudar o mecânico na oficina e a menina ajuda a mãe dela na cozinha. Pago 3 salários para vocês dá 450”. E eu falei arredonda para quinhentos, que vamos buscar nossa mudança. ” Relata seu Nozinho da Palmiteira.

 

Claudionor Rocha diz que naquele tempo a infração subia rápido e eles pagavam conforme a inflação, e no primeiro mês ele recebeu 800 reais.  Aí só comprava sabonete, Pasta de dente, era tudo com fartura na fazenda, carne jogar no mato, pois cozinhava uma panela cheia de carne, e quando não davam conta de comer ia para tambor de lixo.

As coisas ficaram difícil quando o gerente João Paulo saiu da gerencia da fazenda, o pioneiro disse que não deu mais para ficar e com um trocado no bolso, seu Claudionor buscou outro rumo para a família.

 Claudionor relata que se tivesse vindo na época para a cidade, talvez seus filhos tinham estudado, e a vida estava um apouco melhor, mas na época ele tinha medo de ficar na cidade e foi o arrependimento que ele tem na vida.

Mesmo sem faculdade ou estudos completos seu Claudionor fala com orgulho dos filhos, pois trabalham e alguns até correram atrás de cursos para melhorarem de vida.

Em Juína girava muito dinheiro, mas o pioneiro disse que não chegou a participar, pois o dinheiro rodava através do garimpo e seu Claudionor disse que nunca chegou a mexer com o garimpo, pois a esposa nunca deixou e falava que não tinha saído do paraná para ver o marido morrer em garimpo, mas seu Nozinho da palmiteira disse que só andava no meio dos garimpeiros que eram muito amigos, ele na época chegou a vender pamonha nos garimpos uma época.

O divertimento dos recém-chegados na nova cidade era o futebol, todo domingo tinha futebol e era a felicidade de todos. As mulheres que gostava ia, quem não gostava não ia, a esposa do seu Claudionor era uma das que não gostava e ficava em casa ou conversando com uma vizinha, mas não era de sair de casa.

Outra diversão era os sábados, o chimarrão, jogo de truco e a galinhada na a casa de seu Claudionor, juntava os amigos e ninguém pagava nada, nem a pinga. E no outro sábado era na casa do outro amigo e assim ia era as brincadeiras que tinham fora isso, só trabalho.

Claudionor fala sobre sua grande conquista em Juína:

“Minha maior conquista foi quando eu comprei esses barracos aqui, esses barracos aqui eu consegui através da roça, um eu comprei aqui trabalhando numa serraria, eu e meu menino mais velho, e naquele tempo era baratinho. Eu trabalhava lá e um dia eles mandaram meu menino embora, no outro dia cedo eu falei vou embora também, se mandou meu menino embora é por que ficou com vergonha de mandar eu então. Aí peguei meu acertinho velho que tinha lá e comprei um barraco, tinha um barracão velho todo esquisito de chão”.

Nozinho conta que ainda eles só dariam o restante do dinheiro quando eles desocupassem a casa, na época eram 300 reais que faltavam então ele juntou as coisas da família foi no barraco que comprou jogou água socou a terra e nem fez alicerce colocou as coisas dentro e voltou no antigo serviço exigindo o restante do dinheiro e assim com isso comprou o terreno onde mora hoje.

 Seu Claudionor conta que de todo esse tempo em Juína a coisa que mais entristeceu foi a morte do sobrinho, pois o rapaz veio do Rio grande do Sul, veio com a esposa e as filhas trabalhar em uma fazenda aqui em Juína e acabou sofrendo uma fatalidade que ceifou a vida do sobrinho.

“Gostava dele demais, era filho do meu irmão com a irmã da minha esposa”.  Isso foi uma tristeza muito grande para eles.

Mas apesar da dificuldade Seu Claudionor não se arrepende de nada, teria feito tudo de novo assim como relata.

“Dou um concelho, venham para Juína pois é bom, não é todo mundo que chega e vai adquirir alguma coisa, mas importante é viver, não adianta ter tanta coisa por que a gente quando morre não leva nada. Graças a Deus eu vivo bem aqui, eu não tenho dinheiro, mas eu ando de cabeça erguida, graças a Deus nós não devemos para ninguém, tenho crédito em qualquer lugar, compro em farmácia compro em mercado, tenho amizade em cada canto dessa cidade, eu tenho amigos, meus vizinhos, não são vizinhos são uma família. Meus irmãos, o mais perto que eu tenho mora em Cacoal. Os vizinhos não toda hora que eu levanto eu vejo a cara deles, então meus vizinhos aqui são meus irmãos. Gosto de Juína demais e tenho muitas amizades, graças a Deus.