A gente já sabe que está no DNA do governo barganhar apoio no Congresso a troco de cargos e dinheiro, muito dinheiro. Ainda antes de Lula tomar posse, o Congresso aprovou a PEC fura-teto e a coisa andou pouco acima de 170 bilhões de reais. Os números mudam a toda hora, mas, pelos dados disponíveis, por enquanto, o governo já pagou R$ 10,9 bilhões em emendas a congressistas em 2023. A liberação dos recursos é uma exigência do Centrão para apoiar as pautas de interesse do governo no Congresso. Quanto mais rápidos os pagamentos, maior o apoio. É um nefasto circulo vicioso, onde os reais interesses do povo ficam pra depois. Tem-se então, uma equação perversa em que o governo, por não ter votos para aprovação de seus projetos, libera dinheiro em troca dos votos. Como não há recurso para saciar tanto apetite, o governo improvisa para atender a tigrada. Decidiu, então, tirar poder sobre dinheiro dos ministérios e, assim, fazer uma boa caixinha de fim de ano para a tigrada do “Centrão”.
A obscenidade ficou assim. Foi retirado o poder de quatro ministros sobre o orçamento de seus ministérios e a destinação dos recursos foi desviada para atender a tigrada do Centrão. O dinheiro do Fundo Rural foi desviado para políticos, mas o Ministerio da Agricultura não deu um pio. No Ministério da Saúde, o governo retirou 400 milhões que bancariam a atenção primária e aumentou o orçamento da assistencia hospitalar para 715 milhões e, por enquanto, ninguem falou nada. Também, os ministérios das Cidades e do Desenvolvimento Regional perderam verbas para o “Centrão”. Os remanejamentos foram por meio de projetos aprovados no Congresso e, também por movimentações internas que não dependem de aprovação formal do legislativo. Nos bastidores, porém, o dinheiro é negociado com os políticos. Isto é uma parte do dinheiro desviado. A outra parte a gente só fica sabendo quando a policia chegar.
Vicente Lino.