Foi, sim, a vitoria da centro-direita. E esmagadora. Os números confirmam.
O que foi que uniu todas as cidades do Brasil, do Oiapoque ao Chuí, em torno dela?
Eu não tenho duvida nenhuma:
foi o STF,
foi o Alexandre de Moraes,
foi a associação formal do Brasil ao clube dos parias do universo,
foi o repúdio à ditadura lulista.
E o que me reassegura do acerto dessa interpretação é o cuidado meticuloso com que a imprensa corporate a tem evitado.
Não! Isto não foi a vitória dos “ideais do liberalismo” libertário ou não libertário.
Foi:
a derrota da anti-democracia
a derrota do extremismo
a derrota da agressão woke
a derrota do achinezamento do Brasil
Todos os candidatos que tinham qualquer ligação com a ditadura lulista foram escorraçados.
Esta eleição foi uma estrondosa vitória da resistência democrática.
Mas, muita cautela!
Nós ganhamos uma batalha, não a guerra.
O Lula bem que tentou. Diante da perspectiva da derrota nacional inevitável ele se concentrou 100% na eleição do Boulos em SP. Chegou a ser multado por fazer campanha para ele antes da campanha começar. O PT e o PSOL investiram aproximadamente R$ 82 milhões nesse pangaré. Somente a direção nacional do PT aportou em torno de R$ 45 milhões, ? de tudo que o Lula gastou na campanha presidencial de 2022.
E mesmo assim o resultado foi o massacre eleitoral que foi. Boulos conseguiu se arrastar até o 2º turno mas Ricardo Nunes, apesar da sua notória falta de sex appeal, só teve de se sentar confortavelmente sobre a maciça rejeição de tudo que o Boulos representa para se eleger.
Nem no NE, onde ha mais eleitores na Bolsa Família que trabalhando, o suborno eleitoral conseguiu vencer o repúdio à ditadura.
Em número de prefeituras o PT ficou em 9º lugar, atras ate do moribundo PSDB (que foi o 7º), mesmo com toda a força do STF e da máquina do governo trabalhando furiosamente para ele. Somados, os cinco partidos que não conseguiram eleger nenhum prefeito tinham 321 candidatos, 210 deles do PSOL de Guilherme Boulos. E nessa fila da lata de lixo da história estão lá o PCO, com 43, o PSTU com 37, a UP com 22 e o PCB com 9.
É o pior resultado do PT e da esquerda como um todo desde a redemocratização.
Mas colher essa condenação esmagadora não quer dizer nem de longe que a ditadura vá recuar. O mais provável é o contrário. A violência é que vai recrudescer.
O Lula nunca se furtou de declarar que rema contra o que sabe que o Brasil deseja. Vem nos comendo ha anos pelas beiradas, mentindo e comprando poder. Confessa desde sempre o seu orgulho pelo sucesso com que tem usado a democracia para matar a democracia.
E agora, na velhice, na porta de saída, desistiu do caminho do voto e assumiu explicitamente o da força bruta: as prisões políticas estão cheias, o Judiciário não existe mais, o Legislativo é tratado a chutes e pontapés, a brasileira já é a mais numerosa comunidade latina de Miami…
Ha quem tente se consolar dizendo que o Brasil é grande demais pra virar uma Venezuela, e que a nossa tradição democrática ha de nos salvar.
Ilusão de noiva!
O Brasil nunca teve democracia de verdade. O povão então, nunca sentiu o cheiro dela. O Lula está apenas retomando o que nós fomos sob a ditadura de Getulio Vargas da qual ele próprio, um sindicalista pelêgo, é a criatura por excelência. Em 1942 o casamento do Brasil acabou sendo com o lado das democracias. E foi ele que nos trouxe até a descondenação. Mas foi um casamento por interesse. O caso de amor de Getulio Vargas sempre foi com o nazismo.
Tudo isso sumiu da história oficial, mas minha família, tomado o jornal O Estado de S. Paulo pela ditadura, e com meu avô “desmonetizado” e no exílio, como tantos brasileiros hoje de novo, guardou muito vivo na memória o discurso do ditador saudando o desfile das tropas de Hitler por baixo do Arco do Triunfo em Paris: “Uma nova aurora surgiu para a humanidade…”
Agora, mais uma vez, todos os bandidos estão soltos e a policia está mais presa do que nunca.
Hoje mesmo, dia seguinte da clamorosa manifestação do Brasil em peso contra essa pouca vergonha, foi a longa capivara do Zé Dirceu, o ideólogo do golpe de estado pela tomada do Poder Judiciário, que foi rasgada e jogada no lixo por aqueles juízes que vivem de patrocínio naquela lucrativa empresa STF & Famílias Cia. Ltda. E isso na sequência da limpeza das fichas, uma por uma, de todos os corruptores e todos os corrompidos da Lava Jato.
O Lula não nos bandeou da esfera defensiva da Nato para a dos agressores de sempre das democracias ocidentais porque está brincando. É aos aiatolás do Irã, ao tirano da Coreia do Norte, ao psicopata de Moscou, à ditadura férrea do Partido Comunista Chinês e ao resto de todas as piores ditaduras do Universo que ele nos está amarrando a todos, certamente não para nos regalar com todas as liberdades que todas essas ditaduras punem com a morte.
“Defesa da democracia” o escambau!
Eleição, agora, é sob a batuta dos Alexandres de Moraes da vida e a urna sagrada do Beato Barroso. Vão servir apenas e tão somente para justificar o titulo de “autocracia”, em vez de ditadura, na imprensa oficial da ditadura. Mas a diferença prática para nós é nenhuma.
O efeito mais deletério do radicalismo é dispensar seus opositores de ser ou de propor qualquer coisa mais que apenas ser o antídoto do seu opositor. A expressão “direita fracionada” é um pleonasmo. A direita é o território da “busca da felicidade”, expressão especificamente talhada pelos pais da democracia m moderna para incluir toda e qualquer tendência, e respeitar cada uma delas.
O PSD com 887 prefeituras, e o MDB, com 853, triunfaram justamente por não ter marca excludente alguma para lado nenhum.
As emendas parlamentares realmente compraram votos, tanto na esquerda quanto na direita. Mas isso tem duas leituras possíveis, e uma delas é fortemente positiva: o povo aprova a concentração do dinheiro dos impostos nos municípios e as obras e serviços que esse dinheiro financia. Não foi suborno, de eleitor em eleitor, que esse dinheiro virou. Foram serviços e obras de que essas populações estavam precisando e agora retribuem com o voto.
Isso significa, por decorrência, que a população brasileira, como todas as populações ainda livres para escolher o seu destino, desaprova a concentração da arrecadação nas mãos do presidente da Republica como quer a Reforma Tributária lulista que vai sendo empurrada em ritmo de blitz goela abaixo do país, e que só faz sentido se lida pelo viés político. Só faz sentido pela intenção de armar a mão da Presidência da Republica de poder arbitrário, precisamente a distorção que está sendo maciçamente chicoteada nesta eleição.
O lado ruim dessa questão das emendas – a falta de transparência e os possíveis desvios – não se conserta submetendo o congresso e o povo ao STF que solta ladrões e prende a polícia. O remedio é submeter o congresso ao povo e o STF ao congresso.
Nada de baixar a guarda, portanto!
Submeter o congresso ao povo, pelo voto distrital puro com recall, e o STF ao congresso, como manda a constituição, é a única saída para o Brasil.
E esta deve ser a meta única e obsessiva para 2026 de todo brasileiro que tem algum apreço pela liberdade.
Fernão Lara Mesquita.
Jornalista, ex-diretor do jornal "O Estado de São Paulo"
Texto produzido para o site "O Vespeiro"