Embora seja abominável e inaceitável, deputados da base governista se mobilizaram para impedir a votação do projeto que anistia os presos, pelos atos do dia 8 de janeiro. Ignoram o sofrimento de brasileiros acusados, por um golpe que nunca existiu e dão de ombros para as ilegalidades flagrantes de um processo, que não permitiu audiência de custódia nem a visita de advogados. Fingem não saber que idosos e crianças foram jogados em galpões improvisados, sem condições mínimas de higiene, a maioria deles presos apenas por se manifestar. Por conta da crueldade de suas excelências, a matéria só será discutida novamente após as eleições de outubro. O adiamento da discussão se deu após uma manobra do líder do PT, José Guimarães, do Ceará e do trancamento de pautas por outros deputados da base do governo.
O objetivo, como se sabe é barganhar cargos na mesa diretora da Câmara, em troca da votação de um projeto que poderia acabar com o sofrimento de centenas de brasileiros. Temos, então que o deputado, cujo assessor foi flagrado com 100 mil dólares na cueca, opera contra o projeto de anistia. Ele sabe que não houve golpe, que as manifestações não foram criminosas e que inocentes são condenados a penas absurdas e multas impagáveis. A anistia é uma forma de extinção da punibilidade de um crime, a concessão de um perdão a um delito cometido. Neste caso e pela ilegalidade de todo o processo, não há punibilidade a ser extinta, muito menos perdão a ser concedido. A liberdade dos brasileiros com o arquivamento do processo e a volta dos exilados é, tão somente, uma questão de justiça que os governistas negam aos brasileiros.
Vicente Lino